O PL 1904/2024, de autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL/RJ), que equipara o aborto a crime de homicídio quando da viabilidade fetal, presumida em gestações acima de 22 semanas, ganhou as manchetes e o debate público nas redes sociais. Foi aprovada a urgência e o PL pode ser votado diretamente no plenário sem passar por comissões.
Ao colocar a urgência em votação o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL), faz gesto para a bancada evangélica e católica de olho na sua sucessão em 2025. E, conscientemente ou não, empareda o presidente Lula (PT).
Lula reiterou na campanha que é contra o aborto. Agora é pressionado pela militância a não só se posicionar como se posicionar contra o PL 1904 e também que o governo entre na discussão para barrar o projeto. O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT/CE), disse que o tema não é assunto do governo, que vai da consciência de cada deputado.
O que o líder do governo fez foi tentar descolar a pauta do PL 1904 do governo para que não digam que foi uma derrota do governo a sua aprovação. Lula, que está em viagem internacional, não quis comentar sobre o PL 1904 alegando que não está por dentro do assunto.
A verdade é que o PL 1904/2024 é uma pegadinha da oposição para ver se Lula cai. Se Lula se empenhar para derrotar o PL ou vetar estará assinando que é a favor do aborto. Pode esquecer o diálogo com o campo religioso tanto evangélico como católico. Por outro lado, Lula pode se queimar com a militância faminista e a esquerda identitária. É um jogo de soma zero.
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