ABIN PARALELA: Arapongagem do governo Bolsonaro

Alexandre Ramagem e Carlos Bolsonaro

A operação de busca e apreensão contra o deputado Alexandre Ramagem (PL) visa investigar o uso irregular da ABIN – Agência Brasileira de Inteligência – em espionagem de opositores do governo de Jair Bolsonaro (PL), de autoridades e jornalistas. É muito sério a gravidade.

Bolsonaro sempre se orgulhou do “meu serviço de informação pessoal”. Antes de morrer, Gustavo Bebianno, o ex-faz tudo de Bolsonaro que rompeu com ele no início do governo, já tinha denunciado a “ABIN paralela” articulada por Carlos Bolsonaro. O ministro do STF, Alexandre de Moraes, tem uma lista com quase 2000 pessoas monitoradas, segundo a imprensa.

Eram mais de 30 mil alvos. Entre eles o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o ex-governador do Ceará e atual ministro da educação, Camilo Santana, ministros do STF, como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes.

A atual cúpula da ABIN dificultou a investigação da PF. A tareta do atual governo é grande. Trocar a cúpula de um órgão muito sensível.

Não adianta a oposição reclamar de perseguição para esconder o escândalo desse tamanho. Entendo que vasculhar o gabinete de um deputado é gravíssimo, mas, neste caso, a gravidade do caso impôs medida tão gravosa. Diferente da operação contra o deputado Carlos Jordy (PL), que não tinha nada, essa é bem fundamentada.

A estratégia está posta: martelar que se trata de perseguição ou justificar os atos como sendo de “segurança nacional”, como o senador Mourão teve a cara de pau de defender os atos praticados pela ABIN.

Mas se tratava de arapongagem inspirada na ditadura militar para vigiar desafetos do governo, autoridades de tribunais superiores, jornalistas e um caso muito singular e misterioso: por que o governo Bolsonaro monitorou a promotora do caso Marielle Franco? Imagine um novo mandato de Jair Bolsonaro o que essa turma faria.

O perigo contra a democracia não passou

O bolsonarismo vive, é pujante e não depende de Bolsonaro

Caiu com uma bomba no Judiciário a operação da Política Federal que investiga diretores da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) do governo de Jair Bolsonaro (PL) de espionagem contra servidores, jornalistas, adversários e ministros do STF. A “operação araponga” se intensificou em 2022, ano eleitoral.

É gravíssimo, mas não chega a surpreender. Bolsonaro tratava a máquina pública como se fosse sua e qualquer opositor como se fosse inimigo do país. Atacava as instituições quando elas não se curvavam ao seu poder e seus desejos.

E pensar que esse presidente foi derrotado há um ano com apenas pouco mais de 2 milhões de votos. Quase que ele se reelege. Como ficaria o país com Bolsonaro reeleito governando com o atual Congresso? Ele governaria muito mais a sua maneira do que no primeiro mandato, passaria coisas que enfraqueceria mecanismos de controle e fiscalização e tentaria enfraquencer o poder do STF.

Por isso que mesmo com os erros do governo Lula a sua vitória em outubro de 2022 e posse em janeiro de 2023 foram fundamentais para manutenção da democracia. Estávamos lidando com um projeto de tirano com ambições e sede de poder. Bolsonaro corroia a democracia por dentro.

A sua inelegibilidade proclamada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi uma blindagem à democracia, mas o perigo ainda ronda. O bolsonarismo vive, é pujante e pode sim eleger um pior que Bolsonaro.

Sim, o Brasil pode eleger um presidente mais deletério que Jair Bolsonaro. As mídias sociais como são alimentam a polarização mais radical, o divisionismo pelo ódio e deturpam a realidade. Nas mídias sociais não há espaço para moderação e muitas vezes a verdade é espancada por mentiras “criativas”.

A ameaça de golpe do dia que saiu o resultado da eleição até o fatídico 8 de janeiro passou. As Forças Armadas resistiram. Mas a ameaça à democracia não passou. Mesmo Lula colocando a economia nos trilhos existe o perigo de vitória de uma oposição autoritária em 2026.

Declaração de voto

Tenho reservas a uma volta do PT ao poder. Mas meu voto é em Lula se a eleição tiver disputada voto a voto

Decidido: se Lula tiver vencendo as eleições no primeiro turno, não voto nele. Agora se a eleição tiver voto a voto, é Lula lá sem medo de ser feliz.

Por que estou declarando meu voto? Primeiro porque este é um blog de opinião. Segundo, fiz isso na eleição de 2018 e gostei. Terceiro, o bárbaro crime em Mato Grosso que um apoiador do presidente da República, Jair Bolsonaro, esfaqueou até a morte um lulista me tocou bastante para aonde o país está sendo levado pelo bolsonarismo e de uma equivocada expressão do próprio presidente do “bem contra o mal”.

Tenho reservas a uma volta do PT ao poder. O partido pode usar esse salvo-conduto para uma vingança do impeachment de Dilma Rousseff, prisão de Lula e buscar a perpertuação do poder.

Mas se olharmos o que foi especialmente o governo Lula e o governo petista como um todo (Lula e Dilma) tivemos do tirar o país do mapa da fome a mensalão e pretolão, mas nunca Lula ou Dilma tentaram subverter as instituições da República com ameaças ou aparelhamento. Não que muita gente do PT não queria. Aqueles mais radicais sonham com o PT copiando Hugo Chávez.

Mas ficamos nas intenções de uma minoria. Já o atual mandatário não esconde o desejo de ser um ditador, chora de não governar na ditadura militar, militarizou o governo, aparelhou a PGR que é o único poder que pode denúnciar o presidente, cooptou o Congresso Nacional com o orçamento secreto e não se porta no cargo como um chefe de Estado, mas como um animador de platéia para os seus seguidores.

Nem vou tocar no assunto de como o presidente errou na condução da pandemia e também como o atual governo está deixando uma bomba relógio para explodir no próximo mandato quem quer que seja o eleito.

Dei um voto de confiança para Jair Bolsonaro no segundo turno de 2018. Bolsonaro preferiu sua claque, preferiu se proteger e proteger sua família enrolada em escândalos e tudo indica que não vai aceitar a possível derrota em outubro copiando o fanfarrão e seu ídolo Donald Trump nos EUA.

Por tudo isso corrigirei meu voto de 2018.

Datafolha: rejeição ao governo Bolsonaro bate recorde e atinge 53%

Pesquisa Datafolha mostra a aprovação ao governo de Jair Bolsonaro no pior momento desde o seu início.

Nada menos que 53% consideram o governo ruim ou péssimo, 24% acham regular e só 22% consideram o governo ótimo ou bom.

A avaliação negativa vem no momento que a inflação de 2021 foi revisada pelo governo de 6,2% para 8,4% impactada principalmente pela conta de luz, alimentação e combustíveis.

Avaliação do governo Bolsonaro

Nova rodada de avaliação de governo mostrou estabilidade. Pesquida PoderData não alterou a avaliação do governo Jair Bolsonaro após o 7 de setembro com manifestações de apoio ao presidente e a carta à nação recuando do confronto com o STF, principalmente contra o ministro Alexandre de Moraes.

62% desaprovam e 29% aprovam o governo; 56% acham o trabalho do presidente ruim e péssimo, 27% ótimo e bom, 14% regular.

Os números continuam péssimos para Bolsonaro, mas conseguiu ao menos estancar a sangria dos números.

Estratificação da pesquisa