Coronelismo nas eleições dos rincões

Quem troca o voto por dinheiro ou por favores particulares não pode reclamar do descaso do poder público

coronel

Eu prezo muito a liberdade. Eu não trocaria minha liberdade por nada. Não trocaria minha liberdade por um emprego em um serviço público para ganhar um mísero salário enquanto alguns “espertos” ganham verdadeiras fortunas para não fazer absolutamente nada em prol dos cidadãos e para cidade. Só coçar o saco e bajular seus políticos preferidos nas calçadas.

Sei que tem muita gente que precisa do pouco que ganha da prefeitura, mas ser obrigado a ir em comícios, carreatas e passeatas de candidatos por pressão, por terrorismo, por medo de perder o emprego, torna o ameaçado capacho de políticos que fazem de tudo para não perder a boquinha e os privilégios do poder. Essas práticas são vergonhosas e muitos políticos usam e abusam delas.

Principalmente nos rincões mais afastados, onde a prefeitura é a principal e às vezes a única fonte de renda. O coronelismo está arraigado na cultura brasileira, mais especificamente no nordeste brasileiro. O coronelismo pode mudar suas práticas e usar uma roupagem mais moderna, mas por dentro é o mesmo. Essas práticas são incorporadas em políticos que pensam que são os donos de uma cidade apenas por vencer a eleição municipal.

Esses políticos usam o voto de gente pobre e ignorante para tomar o poder da cidade, usam as verbas públicas em proveito próprio, em benefício de familiares, de amigos íntimos e comparsas de assalto aos cofres públicos. E são beneficiados pela cultura de impunidade do país, que só agora começa a ser quebrada. A “Lava Jato” ainda não chegou nos rincões mais afastados e talvez nunca chegue. Sorte dos políticos que fazem de tudo para vencer a eleição, de compra de votos passando por chantagem, para se perpetuar no poder.

Não inocento quem vende o voto por uma cesta básica, uma geladeira nova, um fogão novo, uma dentadura mais resistente ou por 50 reais para beber todo em cachaça e/ou cerveja. Quem troca o voto por dinheiro, ou por favores particulares, não pode reclamar do descaso do poder público.

Mas já dizia o poeta: O roçado do político é a miséria do povo. Se o povo for instruído, o político safado e corrupto vai à falência. Enquanto isso não acontece, a falência é da classe política. E quem sofre é quem precisa de um hospital com médicos e remédios; uma boa educação para seus filhos; segurança para suas casas e comércios, para andar nas ruas sem ter medo de ser assaltado ou morto; moradia decente, saneamento básico, enfim, serviços públicos dos mais básicos que são obrigatórios e, infelizmente, são deixados de lado.