O que aconteceu no acampamento batizado de Marisa Letícia, de militantes do PT em apoio ao ex-presidente Lula é o ápice da barbaridade que se tornou a política brasileira. Um meliante passou atirando randomicamente e acertou Jéferson no pescoço, que agora está correndo risco de perder a vida e mais uma pessoa de raspão.
É um direito achar um absurdo montar acampamento perto da Polícia Federal para defender um condenado pela justiça, assim como é um direito quem quer fazer isso. A democracia permite os dois modos de pensar. O que a democracia não permite é alguém pegar uma arma e atirar contra os ocupantes do acampamento.
O ataque ao acampamento legitima os militantes a queimarem pneus fechando vias em protesto e é reforçado na demora das autoridades competentes na resposta de identificar os responsáveis os punindo.
Muitos alertas que a intolerância de parte a parte não acabaria bem. O que vivemos hoje é o que foi plantando lá atrás. Tanto o “nós x eles” do PT, como essa onda de achar que o rival político e ideológico é inimigo e é preciso eliminar nem que seja na bala. A democracia e o Estado Democrático de Direito sangram no Brasil não pela prisão de Lula ou o impeachment de Dilma, mas porque o fascismo foi semeado principalmente na internet.
Muitos exemplos que a beligerância saiu da internet para às ruas. No dia que Sérgio Moro expediu ordem judicial contra Lula, um manifestante contra Lula foi agredido na porta do Instituto Lula batendo a cabeça em um caminhão que passava tendo traumatismo craniano; tiros na caravana de Lula pelo sul.
Quando um pré-candidato ao mais alto cargo da República faz gesto imitando uma arma para um boneco satírico ao um ex-presidente está insuflando apoiadores fanáticos a fazer barbaridades. Quando a presidente do partido que ficou mais de 10 anos no poder ou a ex-presidente do país sujam a reputação das instituições brasileiras pelo mundo elas alimentam essa disputa insana que tomou conta do Brasil.
São feridas que cicatrizam, mas nunca serão apagadas.